terça-feira, 11 de janeiro de 2011

UMA ABORDAGEM PASTORAL SOBRE O LOUVOR ATUAL

A nossa geração pensa que foi ela que descobriu o verdadeiro louvor, e muitos já descartaram o louvor do passado há muito tempo. Pensando assim, acabamos deixando de lado a nossa própria história.

Assim sendo, nesta abordagem, iremos analisar a história e descobrir a preocupação de João Wesley sobre o louvor de sua época:

1. “Cante-os exatamente como estão impressos aqui, sem alterar ou corrigir, de modo nenhum...”:

É preciso antes de tudo entender o contexto da época, para compreender melhor esta expressão de Wesley. Na época o movimento metodista estava se estruturando, e este movimento foi fundado por João Wesley e outros líderes de suma importância como Carlos Wesley, um dos moiores hinógrafos de todos os tempos, William Morgam, Bob Kirkham, George Whitefield e outros. Por causa dessa diversidade de líderes, acabou tendo também uma diversidade de teologia e pensadores dentro do próprio metodismo e dois pensamentos teológicos distintos: arminiano e calvinista. A maioria dos hinos daquela época acabava propagando estas duas teologias e mesmo Wesley sendo arminiano, respeitava os hinos de cunhos calvinistas, e desta forma respeitando o autor e a história do hino.

Atualmente, temos visto pastores se sentindo verdadeiros donos da verdade, acabam fazendo verdadeira varredura nas composições dos hinos e cânticos, avaliando-os segundo a sua maneira de pensar, ou no seu cunho teológico. Eu vejo que os hinos são verdadeiras ações democráticas de Deus na vida da igreja, pois acabam sendo a expressão do povo e da comunidade ao seu Deus. Prova disso que a maioria dos compositores e cantores são leigos e não pastores (clérigos) e os hinos mais cantado pelas igrejas de uma forma geral são aqueles compostos por leigos, pois eles acabam vivenciando de maneira mais próxima dos sentimentos e das necessidades da Igreja; porque estão relacionados com o dia a dia das pessoas e suas preocupações, não simplesmente com a teologia, e sim com a inspiração dada por Deus através da sua experiência do dia a dia.

Tentar corrigir um hino (cântico), ou tentar mudar a sua letra é a mesma coisa que matar uma poesia de Machado de Assis. Antes de querer mudar uma letra de um hino ou corrigi-lo, é necessário procurar a sua história, como é o caso do hino “Ao Único”, o qual, muitos pastores criticavam este hino na sua frase: “Coroamos a ti senhor Jesus”. Diziam que teologicamente e biblicamente estava errado, pois, quem somos nós para coroamos o Senhor Jesus; e outros diziam: Jesus já está coroado.

Quando foram entrevistar o autor, ele contou a história do hino que um dia teve um sonho com o trono de Deus e que Jesus deu a cada um uma coroa de ouro, mas todos os que receberam devolveram a coroa achando que não mereciam, e que só Jesus merecia ser coroado. Conhecer a história do hino é muito importante, pois a inspiração vem através de um momento em que o autor está passando e este momento acaba refletindo e criando um hino.

2. “Cante tudo”. Procure cantar com a congregação tão freqüentemente quanto puder...

O canto é uma expressão do sentimento de alegria que está dentro de nós, tem um adágio popular que diz: “quem canta o seus males espanta”. É muito difícil cantar quando se está triste, ou sofrendo por causa de alguma coisa. Neste ponto, Wesley têm duas preocupações: 1a ) cantar tudo: Na verdade, nós temos quase sempre uma atitude de selecionar aquilo que vamos cantar, mesmo sendo hinos evangélicos, temos a característica de selecionar aqueles hinos que mais nos agradam, que a letra se identifica com a pessoa. As vezes as pessoas estão cantando o que está na moda, outros só querem cantar os antigos hinos do hinário.

Cante tudo, não podemos deixar de cantar os hinos antigos que fazem parte da nossa história, e que foi através deles que tudo começou. E não podemos também da mesma forma deixar de cantar os novos hinos, ou os chamados corinhos.

2a ) “Procure cantar com a congregação tão freqüentemente quanto puder”. Vemos o anseio de Wesley para que as pessoas não abrem mão do louvor comunitário, da adoração em comunidade. Quantas experiências que já vimos de pessoas que muitas vezes estão cansadas, desanimadas por causa das lutas do dia a dia, e quando chegam na igreja não tem nem forças nem para abrir a boca; e quando conheça o louvor, as pessoas começam a cantar, adorar. É neste momento que a presença de Deus começa envolver a todos presentes em uma só fé, em só coração e todos num mesmo Espírito. É neste momento que vem a renovação espiritual e a restauração física.

3. “Cante com entusiasmo e com coragem. Cuidado para não cantar como se estivesse meio morto ou meio dormindo, mas erga sua voz com força”.

Cantar com entusiasmo me faz lembrar do saudoso Rev. Asér D’avila Ramos que mesmo com seus mais de 70 anos de idade, quando era chamado para dirigir o coro ou algum cântico e via a igreja apática, logo admoestava a igreja para cantar com vontade, com alegria e com muito entusiasmo, assim como Wesley pedia. A palavra entusiasmo no dicionário significa:

1. Estado do espírito impelido a manifestar a admiração que o invade;

2. arrebatamento; paixão; transporte; alegria intensa; inspiração;

Ele acaba acrescentando que além do entusiasmo, é necessário cantar com coragem como se fosse para deixar de lado o medo, a timidez, a vergonha e concentra-se em Deus, e fazer de tudo para agrada-lo através do canto, do louvor e da adoração.

Logo depois, Wesley vê um grande perigo para com o louvor e a adoração comunitária, e pede a igreja, para tomar cuidado, primeiro para não cantar como se estivesse meio morto, e muitas igrejas tem esquecido que o Evangelho proporciona uma vitalidade que não importando a idade à pessoa tem que ter um prazer extraordinário de adorar ao Senhor. Tem igreja que você entra parece que o louvor que está sendo prestado a Deus parece até com um culto fúnebre, sem alegria, sem prazer, sem entusiasmo, sem vida e completamente dominado pelo sono.

Certa vez eu estava em juntamente com a equipe ministrando o louvor em um retiro de carnaval e de repente os jovens formaram o chamado trenzinho, e só vi quando aquelas pessoas passaram bem perto do grupo que estava ministrando. Quando eu vi fui pedir para que os jovens pudessem respeitar os idosos ali estavam presentes, e quando ia falar, de repente dei de cara com a pessoa, a primeira da fila que estava puxando o trenzinho e era ninguém mais e ninguém menos que a nossa querida irmã Albertinha que na época tinha 92 anos de idade.

O louvor ideal é um louvor que busque acima de tudo o equilíbrio no entusiasmo, pois não podemos também utilizar o louvor prestado a Deus para dar espetáculo e sensacionalismo. Como cristãos não podemos jamais nos esquecer da reverência ao templo e a Deus.

4. “Não tenha mais medo de sua voz agora... do que quando cantava as músicas de Satanás...”

5. “Cante com modéstia. Não grite de modo que seja ouvido acima ou destacado do resto da congregação...”

6. “Cante no compasso... não corra na frente nem fique para trás, mas fique junto com as vozes que estejam liderando e também acompanhe-as tão exatamente como puder...”

7. Acima de tudo, cante espiritualmente. Tenha olhos em Deus em cada palavra que cantar. Busque agrada-lo mais do que a si mesmo ou qualquer outra pessoa. (Collection,765).

O Momento do nosso louvor atual é muito complexo no que diz respeito a dois grupos: levitas e sacerdotes. Muitas pessoas hoje estão sendo consagradas a pastores(as) porque cantam bem, são bons ministros de música, são até missionários da músicas e através do dom dado a Deus através da música conseguem viajar em várias cidades brasileiras ou até em outros países através da música, até aí tudo bem. Só que hoje virou moda consagrar músicos e cantores a pastores(as), virou modismo você ver propagandas de shows evangélicos de cantores-pastores. Muitos desses cantores não tem chamado sacerdotal, chamado para a palavra, para o aconselhamento pastoral, para administração eclesiástica, para visitação das ovelhas, dos enfermos, da oração... Porque na verdade, muitos não têm nem tempo para a função pastoral, mas por outro lado querem o título de pastor, pois ainda não conhecem verdadeiramente a importância de ser um levita para o culto a Deus. Isto só acontece por causa de uma coisa: vaidade, e, Salomão acerta como diz que “ tudo é vaidade”. Vejamos porque.

Os levitas e os sacerdotes só existem por causa do culto, é o que é culto? Na nossa cabeça o culto é momento de abertura com uma oração, momento de louvor, ofertório, pregação e benção apostólica. Só que culto significa algo mais do que isto, mais profundo do que isto. Culto e serviço sagrado principalmente neste texto Rm 9.4, 12.1; Hb 9.1,6,9,14; Mt 4.10; Ap 7.15, 22.3 a palavra que é usada para culto e serviço sagrado é “latreia” que significa culto, ação sacerdotal, adoração e gesto agradável (a Deus). Mas está palavra também têm outros dois significados importantes, que no português um significa “latria” que é a mais alta forma de adoração a Deus, e o que adora significa o “latrineiro” que vem de latrina que é lugar para dejeções, privada. Isto esta parecendo estranho para você, não é, mas eu explico e você vai entender: Jesus usou muita a figura de servo e senhor. Sendo assim, temos que pensar em uma casa, um senhor e os seus servos. Nem todos os servos têm a mesma função: um cuida da mesa, do alimento que vai para a mesa, outro cuida de servir a mesa, outro da arrumação da casa, outro de lavar os pés daquele que se achegam a casa, outro na lavoura, mas, na casa do senhor tem um servo que acaba fazendo o pior serviço, este é considerado o pior de todos, o mais humilde que é o limpador de latrina, o “latrineiro”, o limpador de fossa. Sendo assim, prestar culto à Deus é se torna o pior, o maisdesprezível, fazer aquilo que todo rejeitam, tudo isto com amor e prazer, apenas para agradar o seu Senhor: importa que ele cresça e eu diminua.

Uma analogia do servo que limpa latrina, com aquele que presta culto, que é responsável na preparação do culto, são as seguintes: porque são os servos e têm que ser os mais humildes da casa; tem que se considerar os menores de todos da casa; a realização de sua tarefa sempre será em benefício do seu senhor, e tem que ser feita com amor e dedicação; podemos dizer que o “latrineiro” tem que limpar aquilo que os outros se recusam, da mesma forma o que presta culto tem esse serviço no momento de adoração, tem que fazer a limpeza, ou melhor, tem que limpar, pois, muitos chegam na igreja cheios de desânimo e de sentimentos, como: depressão, tristeza, raiva, ódio, irá e através do louvor o levita que presta culto irá levar a pessoa querer se limpar para ser usado por Deus.

Mas só o que temos visto hoje, os chamados levitas estão muito longe da posição de um “latrineiro” que presta serviço ao seu senhor, isto é, um servo que se considera a si mesmo o menor, pelo contrário, os levitas de hoje querem de qualquer maneira estar a frente, querem se aparecer, e muitos não são nem um pouquinho humilde, pelo contrário, são presunçosos, arrogantes, irritantes que querem, muitas vezes, serem mais adorados do que mesmo adorar a Deus. A Bíblia diz que “o Senhor habita em meios dos louvores” (Sl.22.3). Isto é, Deus habitava em meus aos louvores de Israel. Será que Deus tem habitado nos louvores que tem acontecido em parque de exposição com bilheteria, com vendagem de CD's e DVD's? Deus tem habitado realmente nos nossos louvores? Temos sentido realmente a presença de Deus em meio aos nossos louvores?

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