quarta-feira, 30 de março de 2011

JAPÃO: O APOCALIPSE E A ESPERANÇA

“E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores”(Mt 24.6)


A palavra apocalipse significa revelação. E pelo livro escatológico de João mostrando o que iria acontecer no final dos tempos, a palavra apocalipse se torna uma palavra com significado de destruição, de caos, de fenômenos inexplicáveis, como se fosse um castigo de Deus.



Muitos esperam por um apocalipse total no mundo, com a destruição do cosmos, o que para os cientistas um dia vai acontecer mesmo, porque para eles um sistema solar nasce e desaparece, ficando em seu lugar apenas um buraco negro.



Mas o caos de um apocalipse sempre tem acontecido na questão do inesperado, que chega num estalar de dedos, tirando o processo natural da vida, tirando tudo o que está em ordem e colocando em uma grande desordem.



Isto acontece quando um pai se levanta num dia normal, como qualquer um outro, e justamente naquele dia acontece o inesperado, um filho é assaltado e no assalto o ladrão dispara matando o seu filho. Isto é um apocalipse para aquele pai e a família, porque o curso natural da sua vida familiar foi mexido.



Por que não dizer do que aconteceu na região serrana do Rio de Janeiro? Uma tromba d’água, de uma hora para outra, trouxe destruição, devastação, morte e dor. Mais de 844 pessoas acabaram perdendo suas vidas, milhares de pessoas perderam suas casas e outras perderam praticamente tudo. As fotos por satélites divulgadas pelas emissoras de televisão e pela internet mostravam o poder devastador de um “apocalipse”.



Um outro acontecimento em que a ordem foi transformada em desordem, em que o habitat foi transformado em caos, foi o terremoto e a tsumani no Japão em março deste ano. Logo o Japão que é a terceira economia do mundo e uma das mais evoluídas na questão da tecnologia viu, de um estante para o outro, uma região inteira ser destruída, primeiro pelo abalo sísmico da terra, e algum tempo depois, pela inundação da tsumani, parecendo até que o mar estava cobrando a morte de suas baleias.



O ser humano sempre vai enfrentar o inesperado, o “apocalipse”, a desordem e o caos, seja na família, na sociedade ou no país. Mas depois do apocalipse sempre haverá a Esperança, que é o recomeço, que é a luz no final do túnel. É a certeza que o sol vai nascer noutro dia, é a certeza de que se Deus permitiu sobreviver ao apocalipse, está confiando na pessoa para este recomeço.



O apocalipse acontece às vezes para mostrar que estamos errados. A maioria dos fenômenos da natureza que traz desgraça e morte acontece por causa dos nossos erros como mordomos de Deus, e principalmente no lado da ecologia, do desmatamento, dos lixões, das grandes cidades que estão sendo construídas em cima de nascentes e na beira dos rios. A esperança que vem depois de um apocalipse mostra que a nós cabe a responsabilidade de mudar a nossa história, de mudar aquilo que está errado e de fazer o que é certo. E que ao mesmo tempo indica que a volta do Senhor está próxima: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora. Amém! Vem Senhor Jesus!” (Ap. 22.20).



Pr. Orlando Carrafa dos Santos

quarta-feira, 23 de março de 2011

ENTRA

É PRECISO ABRIR A PORTA DO SEU LAR (Ap. 3.14-22)

O livro de Apocalipse é um livro cheio de simbologia, e podemos ver estas simbologias estampadas no capítulo 1, versos 12 e 13 dizendo o seguinte: “Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro [que significam as 7 igrejas segundo verso o 20] e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem com vestes brancas e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro”. João quer nos passar que Jesus está no meio das igrejas, Ele vê o que passa no meio da igreja, Ele sente qual é o verdadeiro sentimento da igreja e de tudo o que realmente acontece na igreja, que não são apenas as paredes, mas todos os que vivem a dimensão da fé. Por isto que em todas as cartas existe um remetente como na carta à igreja de Laodicéia: “Estas coisas diz o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus”.



Também chamo a sua atenção de que o nosso lar tem que ser uma extensão da igreja de Cristo, pois, Moisés conciliava o templo com a família. Também o cristianismo tem uma coesão entre o lar e a igreja, pois, o cristianismo nasce realmente nas casas, e não no templo. Sendo assim, onde está Jesus na sua casa? Dentro de casa ou na porta do lado de fora? Diz a palavra: “Eis que estou à porta e bato” (v.20), no grego literal diz: “Eis que estou (parado) junto à porta e bato”. Significa que a Igreja achava que tinha a presença de Jesus, que Jesus passeava em seu meio, atuava no seu meio, mas na verdade Ele estava à porta e do lado de fora; e muitas vezes Ele está assim nas igrejas e nos lares.



Por que, então, Jesus não entrava na Igreja de Laodicéia?





1. Porque ele diz: “... conheço as tuas obras”, na TLH: “Eu sei o que vocês têm feito” (v.15) :





Jesus está falando aqui para a Igreja de Laodicéia que sabia de tudo o que acontecia tanto dentro como fora da igreja, isto é, a vida de cada um na igreja, em casa e na sociedade. Ou seja, a nossa vida na igreja nem sempre a família e a sociedade sabem como que é. Já a nossa vida em casa, na maioria das vezes, nem a igreja e nem a sociedade sabem realmente como que é. E a nossa vida na sociedade, muitas vezes, nem os de casa e nem os da igreja realmente sabem como que é. Quer dizer que caímos no grande erro de ser bom para os de fora, mas terríveis para os de casa; de sermos uma pessoa boa dentro da igreja, mas terrível em casa e na sociedade. Será que tudo o que temos feito tem agradado ao Senhor? Deus tem estado satisfeito? Jesus está falando que conhece as nossas obras e todos os lugares onde estamos, isto é, Jesus vai de contra com aqueles que querem viver uma vida de aparência.





Que nem és frio e nem quente, és morno (v.16):



A cidade de Laodicéia era conhecida por suas fontes térmicas e procurada por muitos. Mas Jesus fala usando a figura de uma fonte que tinha na cidade que acabava enganando muitos viajantes, pois, ela ficava em uma área seca e desértica que chamava a atenção por causa das suas águas cristalinas, e muitas vezes, os viajantes chegando de viagem e com muita sede, corriam ao seu encontro para saciar a sua sede, só que quando colocavam na boca, a água era completamente morna. Imagine você beber uma água morna numa região completamente quente, isto é bater na boca e dar logo aquela vontade de vomitar. Aquela fonte só tinha aparência, e Jesus está cobrando da igreja de Laodicéia que muitos ali só viviam de aparência, no meio termo e em cima do muro. Jesus não quer você pela metade, e sim completo. Enquanto o lar estiver vivendo de aparência Jesus vai estar na porta, do lado de fora. É preciso, então, reconhecer os pecados e as falhas.





2. Porque ele não habita em um lar arrogante e auto-suficiente (v.17):





Alguém já disse: “Prosperidade sem Cristo é desgraça eterna”. E é isto que o verso quer dizer: “Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”. A cidade de Laodicéia passou por um grande terremoto que a destruiu completamente no ano 60. O Senado Romano ofereceu ajuda para reerguê-la, mas ela recusou. Isto encheu os habitantes de auto-suficiência. Da crise a cidade cresceu exuberante por causa de três áreas: centros bancários: era conhecida como cidade do ouro; pela indústria têxtil: o tecido de lã era considerado o melhor; e principalmente pela indústria farmacêutica: fabricava um colírio considerado dos melhores. A prosperidade acabou trazendo arrogância tanto para a cidade como para a Igreja, pois, achavam que não precisavam mais de nada, mas estavam enganados, pois Jesus estava na porta do lado de fora. Um lar onde há arrogância, prepotência e auto-suficiência, é um lar onde Jesus está na porta e do lado de fora. Achavam que tinham tudo, mas na verdade Jesus começa revelando a real condição, não tinham a mesma condição espiritual, pois espiritualmente eles eram:







1) Infelizes, Miseráveis e pobres:





Esta era a condição espiritual da igreja de Laodicéia. A prosperidade nunca foi, e nunca será sinal de espiritualidade. É bom sermos prósperos, mas o que adianta ser próspero sem Jesus? Jesus prefere ter você na sua simplicidade, financeiramente falando, do que ver você próspero, cheio de dinheiro, com um bom emprego, mas completamente longe d’Ele. Têm pessoas que, infelizmente, a prosperidade faz afasta-las de Jesus: quanto mais próspero mais deixam a casa de Deus e a Obra; quanto mais prósperos, mais distantes de Jesus. Têm pessoas que quando estão no chão, na pior, chamam Jesus para a sua casa, chamam por socorro, pedem ajuda, mas, quando estão prosperando ou numa boa, deixam Jesus na porta e do lado de fora.





2) Cegos:





Tinham o melhor colírio da época, mas espiritualmente estavam cegos, pois, não conseguiam enxergar a verdade; e a verdade era que Jesus estava à porta mas do lado de fora. E a pior cegueira espiritual é quando a pessoa não consegue enxergar os seus próprios pecados: “ Trarei angústia sobre homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor... (Sf. 1.17). Podemos dizer também que há muitos cegos espirituais guiando outros cegos: “Deixai-os; são cegos, guias de cego. Ora, se um cego guia outro cego, cairão ambos no barranco” (Mt. 15.14).





3) Nus:





Tinham o melhor tecido, andavam exuberantes, chiques, mas, infelizmente, espiritualmente estavam completamente nus.





a) Jesus 1o aconselha (v.18):





Jesus poderia deixa-los viver desta maneira ou neste estado espiritual, mas não, antes de tudo, Ele ama o pecador. A princípio, Jesus os aconselha a:





1) Comprar o ouro refinado passado pelo fogo: Na simbologia apocalíptica, o ouro é um símbolo estreitamente ligado à divindade (altar ou trono). Comprar o ouro significa, portanto, reconhecer Jesus como Deus, pois, Ele foi provado mostrando a sua pureza e incorruptibilidade.





2) Usar vestiduras brancas para não ser manifesta a vergonha da nudez: Estas vestiduras significam as vestes lavadas através do sangue do cordeiro de Deus, e são as vestes dos santos. Você só pode ter esta veste quando reconhecer realmente os seus pecados; aquilo que te envergonhava é coberto por uma nova veste, e ninguém poderá te acusar do seu passado, daquilo que era vergonhoso, pois, você tem as vestes brancas, as vestes dos remidos e dos salvos.







3) Ungir os olhos com Colírio: Na cidade havia o melhor colírio, mas, espiritualmente eles ainda estavam precisando de Colírio santo nos olhos, pois, os olhos e a mente são umas das partes do nosso corpo que nos fazem pecar; e os olhos são vitais não só para o corpo, mas para a alma, pois os olhos são as janelas do corpo: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas” (Mt.6.22-23). Por isto Jesus pede para sempre ungirmos os nossos olhos, não com o colírio da cidade de Laodicéia, mas sim, com o colírio que é o próprio Jesus, isto é, que os seus olhos sejam olhos de Cristo.





b) Depois Ele repreende e disciplina porque nos ama:



Quem é pai ou mãe entende porque os pais vão até o fim por causa da vida dos filhos. Eles só insistem com seus filhos porque os amam, pois, aqueles que não amam seus filhos os deixam e os abandonam. Por isto que Jesus aconselha e depois repreende (elégcho): que é o mesmo que provar, demonstrar, argumentar, repreender e corrigir. Além disto, Ele disciplina (padeúo) que é o mesmo que educar, formar, instruir ou punir. Aqui é uma característica paterna de Jesus. Depois destas ações do Cordeiro, só tem uma coisa para o ser humano fazer: se arrepender (voltar atrás).







3. Ele aguarda para entrar na sua casa e no seu coração:





A Igreja de Laodicéia pensava que tinha a presença e a atuação de Jesus, mas, na verdade, Jesus estava à porta, e do lado de fora. Ele sabe que você só vai convida-lo para entrar a partir do momento que você sentir necessidade, por isso Ele aguarda. No grego literal, a palavra diz assim: “se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, [também] entrarei para junto dele, e cearei com ele e ele comigo”. Jesus não quer apenas entrar na sua casa ou na sua vida, pois, entrar, qualquer um pode, mas Ele quer entrar “para ficar junto de ti”, Ele quer ter um relacionamento pessoal contigo, uma verdadeira intimidade contigo em toda e qualquer situação.





4. Para que você possa herdar juntamente com Ele a vida eterna (v.21):





Ele não diz que isto é fácil ou simples, mas é necessário. Desta forma você se tornará vencedor: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com o meu Pai no seu trono”. Este “sentar-se no trono” na verdade é um direito que você terá porque em algum momento você parou tudo o que estava fazendo, e no seu silêncio ouviu a voz de Jesus e abriu a porta, pois enquanto não parar com o tumulto é impossível ouvir a voz doce ou o toque suave de Jesus batendo à porta. Jesus é paciente, não desistiu de você e não foi embora. Ainda há tempo, ouça agora o toque e a voz de Jesus chamando o seu nome, corra até à porta para faze-lo entrar na sua vida e no seu coração.





Conclusão:





Infelizmente, a igreja de Laodicéia não existe mais porque não quiseram mudar. Mudar na verdade não é fácil e nem simples, pelo contrário, é complicado. Têm pessoas que dão desculpas porque não querem mudar, e mesmo se dizendo servos, falam: “eu faço isto porque eu sou assim mesmo, não tem como mudar o meu jeito de ser, é a minha personalidade”. Não, amados! É Jesus quem está te convidando a mudar. Isto é o que Jesus quer ouvir de você: “Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus” (Gl. 2.20) . Por isto que Jesus termina esta carta: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.





Pr. Orlando Carrafa dos Santos